Do salto da tigresa aos primeiros passos: o trailer dos ensaios que vão revolucionar a tua caixa de entrada

Do salto da tigresa aos primeiros passos: o trailer dos ensaios que vão revolucionar a tua caixa de entrada
Imagem de capa

Esta vossa fashion nerd de serviço teve a agenda cheia esta semana. Se bem se lembram, a edição anterior dizia o seguinte: "tudo falar do MET Gala, eu vou falar, mas amplamente não o farei a quente, a competir por 'espaço viral'."

Portanto, sim, tinha chegado o momento de falar do MET Gala, ou pelo menos isso pensava eu… Da minha agenda só constava o desfile de final de 1º ano dos alunos do Mestrado em Design de Moda da Universidade de Lisboa. E há semanas que era imensa expectativa e entusiasmo.

Não só por ter sido uma experiência super gratificante pela qual passei enquanto aluna, mas também porque é um evento que já acompanho desde muito antes de ser estudante de Moda. Principalmente, devido à enorme admiração que tenho pela Professora de Projeto de Moda - Eduarda Abbondanza - fundadora e presidente da Associação ModaLisboa | Lisboa Fashion Week - também minha professora e mentora.

Visual 1

Sendo a ideia inicial preparar esta edição antes de sexta-feira, surge a oportunidade de integrar a visita prévia à exposição "Vivienne Westwood - O Salto da Tigresa" com curadoria de Anabela Becho - doutorada em Design, investigadora, professora (fui sua aluna durante a licenciatura na disciplina de Técnicas de Estimulação do Pensamento Produtivo) e, obviamente, não perdi tamanha oportunidade.

E, como diz o ditado, não há duas sem três: o Business Class está de volta e esta quarta-feira teve a sua chamada Zoom inaugural.

Vamos conhecer um pouco de cada evento, para mais tarde ficarmos a par de todos ou quase todos os detalhes…

Visual 2

Vivienne Westwood - O Salto da Tigresa

No zeitgeist que vivemos atualmente, também em Portugal, o punk precisa-se mais que nunca. E onde o vamos encontrar? Nos cofres do antigo Banco Nacional Ultramarino, MUDE - Museu do Design, desde 2009.

Numa terça-feira de manhã de uma Lisboa ensolarada, descemos aos cofres e a curadoria e a investigação inerente a "Vivienne Westwood - O Salto da Tigresa" eleva-nos intelectualmente.

Este título soa-te familiar, certo? Traduzido, o livro, com o qual a exposição faz paralelismo, tem por título "O Salto do Tigre - Moda na Modernidade" ("Tigersprung - Fashion in Modernity") da autoria de Ulrich Lehmann. A premissa na génese do livro diz: "A História da Modernidade escrita numa filosofia de Moda, ambientada no enquadramento cultural de Paris". Não esquecendo que Lehmann convocará, para o seu estudo, a figura dialéctica "Salto do Tigre", original do pensador Walter Benjamin (1940).

Paris onde Westwood se sentia mais conectada com a própria Moda do que em qualquer outro lugar; a História onde Vivienne ia buscar elementos para subverter a sua génese. Algo que não fazia sentido em mero sentido lato, mas também no estudo da modelagem e confeção, alcançando novas soluções para o veicular das suas mensagens.

A Modernidade no espaço temporal do século XIX entra em diálogo com o trabalho da designer britânica. Tratam-se de peças de confeção portuguesa para a mulher portuguesa de então. Uma nuance que está muito em linha com o corpo de trabalho da Professora Anabela - criando conexões à História do Traje e da Moda em Portugal, perspetivas inovadoras às narrativas vigentes.

Sendo surpreendente para muitos, nos quais me incluo, o facto de todas as peças de Vivienne Westwood presentes na exposição fazerem parte de coleções portuguesas, tanto do Acervo do MUDE - da coleção Francisco Capelo como de coleções privadas. Mas as agradáveis surpresas não ficaram por aqui. Não vou contar-vos todas para já, mas relevo-te que existiram outros diálogos… Digo-te até que se tratam de peças de Schiaparelli e Comme des Garçons.

Antes de deixar a tua curiosidade no auge, conto-te que esta exposição conta com os seguintes núcleos: Piratas Modernos e Crinolinas; Punks e Espartilhos; Vive La Cocotte; Bustiês e Pérolas; Showroom; Tartãs e Anquinhas; Anglomania; Cortes Inconvencionais e Natureza.

Sabes que os contextos virão mais tarde - sim, vais ter de dar atenção à tua caixa de correio no entretanto. Recorda: o símbolo do Salto do Tigre era uma cartola; no Salto da Tigresa temos os sapatos que figuram na colagem de capa deste texto. Quando aqui regressarmos, será por aqui que começaremos.

Visual 3

Business Class X The Fashion Standup

Ainda que possa parecer que o Business Class de Sophia Amoruso não está diretamente relacionado com Moda, lembremo-nos da sua primeira marca Nasty Gal e o impacto da migração do seu projeto do eBay para uma plataforma própria de e-commerce teve na génese da disseminação das online stores na indústria da Moda.

Sendo que em 2014 fora incluída na edição revista do livro "Teen Vogue Handbook - An Insider's Guide to Careers in Fashion" e descrita no título do capítulo que lhe é dedicado como "The Superstar e-tailer". Amoruso integra a secção "Digital", acompanhada por nomes como Leandra Medine e Robin Givhan. Das demais secções constam figuras como Karl Lagerfeld ("Designers"), Anna Wintour ("Editors"), Karla Welch ("Stylists"), Karlie Kloss ("Models"), Pat McGrath ("Beauty") e Bruce Weber ("Photographers").

Regressemos, então, ao Business Class. Em 2021, quando o meu plano de futuro era ter uma marca como designer de Moda independente, sabia que me faltava uma peça fulcral do meu puzzle - eu precisava de aprender a ser empreendedora e a gerir uma marca… O Business Class foi a grande decisão da minha vida e, talvez, a decisão mais responsável que tomei.

Como é que o Business Class e o The Fashion Standup se cruzam? Fundar um projeto a partir de casa é, muitas vezes, uma experiência solitária e ter uma comunidade digital que partilhava situações similares e o feedback contínuo da equipa ou flight crew, como chamamos à Sophia e à Melanie, é inestimável.

Voltar a fazer o curso neste momento é algo bastante natural. O projeto The Fashion Standup é algo do qual me muito orgulho, mas quero que evolua. Quero que continue, sendo sustentável a todos os níveis, incluindo o financeiro. Não perdendo os valores, visão e missão que o caracterizam. E não comprometendo a acessibilidade do conteúdo a quem dele desfruta.

Visual 4

DEMO FAUL - as propostas da turma de 2025

A criatividade na Moda existe sem se inventar a roda? Siiiim! E a prova disso foi o desfile de apresentação das coleções finais dos alunos do primeiro ano do Mestrado em Design de Moda na Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa.

O renovado Pavilhão de Portugal recebeu 25 coleções de 5 looks cada, dos talentos que marcaram o futuro da Moda. Havendo 25 coleções, existem 25 alunos para guiar, para orientar… Como se define uma Professora excecional? Como sendo a que ajuda os seus alunos a expressarem a sua liberdade e a desenvolver as suas identidades estéticas e visuais idiossincráticas, um a um. Sem nunca imprimir neles gostos ou preferências da própria. Essa personificação encontra-se em Eduarda Abbondanza ou professora Eduarda.

Aos alunos coube emocionar-nos, não só na sua maturidade profissional para quem ainda dá os primeiros passos publicamente, mas também no espírito de equipa que transmitiram a todos os presentes.

Espírito de união presente no agradecimento final dos alunos ao som da música "Ao Limite Eu Vou" ("e eu já sei que nada, nada te vai fazer parar, só tens de lutar, ao limite eu vou…").

A maturidade destes benjamins da Moda está por todo o lado: em coleções exclusivamente de womenswear ou menswear, ou mistas; vai dos plissados às peças estruturadas; a abordagem a diferentes técnicas desde malharia a estampagem; o facto de não poder definir tendências marcadas que nos fizessem questionar onde acabava uma coleção ou começava a seguinte; não houve medos dos materiais, houve ousadia; nas peças pensadas a 360º….

Devo dizer que foi magnífico presenciar a apresentação do trabalho de membros da comunidade do TFS e que seguem de perto esta plataforma como é o caso, por exemplo, de Maria Cruz e Gustavo Calapez.

Apesar de estes detalhes que te dei ainda parecerem pontas soltas, já pus mãos à obra para te trazer os testemunhos em primeira pessoa destes jovens designers.

Obviamente, que uma foto de um único look de somente quatro das vinte e cinco coleções é um laivo muito parco… Mas esta newsletter é um compêndio de amostras de antevisão de assuntos e temas que virão.

Visual 5

Há que dizer que nem tudo nesta semana foi perfeito: não consegui estar no desfile de finalistas da Licenciatura, mas isso não quer dizer que essas propostas não estarão espelhadas no The Fashion Standup.

O que se seguirá no calendário de conteúdos da nossa newsletter? Bem, já percebeste que a sagacidade acidental leva sempre a melhor em relação a mim. Portanto, não te posso fazer muitas promessas.

O que te posso dizer é que nas próximas edições teremos ensaios mono-temáticos sobre: a exposição "Vivienne Westwood - O Salto da Tigresa"; de como o trabalho desenvolvido através do Business Class catalisará o progresso do projeto e plataforma que é o The Fashion Standup; dos designers que fizeram parte do desfile de Mestrado em Design de Moda da Universidade e; muito mais…

E, sim, haveremos de ter ocasião de abordar os temas que circundam e envolvem "Superfine: Tailoring Black Style". Ainda assim, o que receberás no teu email daqui a uma semana ainda é um mistério.

Para descobrir, tens de subscrever!

Chegou o momento de dizer:

Até para a semana!

Com amor,

Vera Lúcia


Legendas

Imagem de capa - Colagem feita pela autora. (da esquerda para a direita). Vivienne Westwood Gold Label. Sapatos. Primavera/Verão 2000. Coleção Summertime. Seda brocada, pele. MUDE, Coleção Francisco Capelo.Boarding pass da autora no Business Class. Fotografia do processo da coleção de Maria Cruz.

Visual 1 - Colagem e fotos: autora. Foto 1- (da esquerda para direita) Worlds End/ McLaren/ Westwood. Casaco, calças, camisola. Outono/Inverno 1981-82. Coleção Pirates. Algodão. MUDE, Coleção Francisco Capelo. Worlds End/ McLaren/ Westwood. Colete, culotes, camisola. Outono/Inverno 1981-82. Coleção Pirates. Tafetá de algodão, flanela de algodão. MUDE, Coleção Francisco Capelo. Worlds End/ McLaren/ Westwood. Colete, calções. Outono/Inverno 1981-82. Coleção Pirates. Algodão. MUDE, Coleção Francisco Capelo. Worlds End/ McLaren/ Westwood. Casaco, blazer, calças. Primavera/Verão 1982. Coleção Savage. Algodão, tafetá de algodão. MUDE, Coleção Francisco Capelo.Worlds End/ McLaren/ Westwood. Top, calções. Primavera/Verão 1982. Coleção Savage. Algodão. MUDE, Coleção Francisco Capelo. Worlds End/ McLaren/ Westwood. Casaco, calças. Outono/Inverno 1982-83. Coleção Nostalgia of Mud. Fazenda de lã, algodão, canutilhos em cerâmica. MUDE, Coleção Francisco Capelo. Worlds End/ McLaren/ Westwood. Casaco, calças. Outono/Inverno 1984-85. Coleção Clint Eastwood. Lã pied-de-poule, seda jacquard. MUDE, Coleção Francisco Capelo. Vivienne Westwood Gold Label. Vestido. Primavera/Verão 1991. Coleção Cut, Slash and Pull. Tafetá de algodão. MUDE, Coleção Francisco Capelo. Foto 2 - Vivienne Westwood Gold Label. Vestido Outono/ Inverno 199-2000. Coleção Showroom. Cetim de seda, seda chageant, viscose, lurex, poliamida, metal. MUDE, Coleção Francisco Capelo. 

Visual 2 - Colagem e foto 3: autora.  Foto 3 - Vivienne Westwood Gold Label Special Couture. 1998. Núcleo expositivo Bustiês e Pérolas. MUDE, Coleção Francisco Capelo. Foto 4 - Vivienne Westwood Gold Label Couture. Vestido Primavera/Verão 1998. Coleção Tied to the Mast. Seda, metal, predraria, algodão, tule. MUDE, Coleção Francisco Capelo.

Visual 3 - Colagem e fotos: autora. Foto 5 -Foto no contexto participação da autora como aluna do Business Class, pela primeira vez, em 2021. Foto 6 -Foto no contexto da chamada Zoom inaugural da edição de 2025 do Business Class. 

Visual 4 - Colagem e fotos: autora. Foto 7 - Look da coleção de Maria Miguel. Foto 8 - Look da coleção de Maria Cruz.

Visual 5 - Colagem e fotos: autora. Foto 9- Look da coleção de Ramilton Talmo. Foto 10  - Look da coleção de Gustavo Calapez.