The Fashion Standup à Conversa com Edward Kanarecki

Hoje falamos com Edward Kanarecki, mais como autor do ED’s Dispatch.
Este este colaboração é um bocadinho diferentes das que aqui já tiveram lugar-com Christelle EL-Daher, Catarina Craveiro, Ketchup File, Zoë Akihary, Daniela Stancheva, Aakansha Rao. Até aqui todas as entrevistas individuais foram feitas em Zoom, com Edward a entrevista foi feita por email.
Sendo o formato diferente, não manteremos nenhum dos formatos iniciados anteriormente, inspirada pelas colagens de Ed construo este texto por camadas, como de uma colagem também se trata-se. Primeiro faço algumas citações das respostas dadas que vou completado noutro plano com as minhas palavras parafraseando o meu interlocutor.
Colagem - auto - expressão na Moda
Contudo, o foco deste ensaio recai sobre Kanarecki, que começou o seu blog Design & Culture by Ed aos 13 anos. Como temos comprovado através de vários depoimentos, a verdadeira paixão obsessiva pela Moda surge na infância. Encontrou na técnica de colagem um meio de se distinguir. Uma diferenciação e originalidade que começou a explorar por volta dos 15 anos, já que pretendia criar verdadeiro conteúdo aquando dos seus textos de opinião sobre as coleções de marcas de maior renome. Não se querendo limitar porque partilhar as imagens que toda a gente partilhava e difundia.
Créditos do vídeo: @designandculturebyed
Actualmente, mesmo assistindo a desfiles ao vivo e a cores, continua a preferir expressar-se por colagens. Usando também este meio de comunicação visual no seu trabalho como consultor criativo:
“Também crio colagens para marcas, contudo sou extremamente selectivo relativamente a estes projectos, uma vez que a criação de colagens se tornou, nos últimos anos, numa forma profundamente pessoal de me expressar.”
Em termos de processo criativo na prática - acho que deve ser defeito de eu ser designer de Moda de formação, na qual me foi incutido que o processo é mais valioso que o resultado final, adoro conhecer o processo de todos os criativos cujo trabalho admiro.
Neste caso, Ed trabalha maioritariamente em digital, sendo que ultimamente tem trabalhado mais de forma analógica - com papel, tesoura e fita-cola. Ressalta ainda que as suas melhores colagens, ou aquelas que o próprio mais gosta, são as mais espontâneas e não as mais ponderadas.
Créditos do vídeo:@designandculturebyed
Equilibra work from home e “the eye has to travel”.
Um pouco de forma análoga, principalmente desde que decidi empreender neste projecto-o TFS, que o meu interesse sobre as rotinas de outros criativos, principalmente se praticarem work from home:
“Sou, sem dúvida, uma work-from-home person, mas que ainda assim precisa de um equilíbrio saudável de interações com os outros. O meu escritório em casa é um espaço sagrado, repleto de centenas de revistas e livros, que colecionei ao longo dos anos, complementados por pequenas coisas que me inspiram e me mantêm os pés no chão.”
Para além do seu escritório, sente-se afortunado por ter um jardim e poder estar em contacto com a natureza. Mas isso não quer dizer que esteja sempre em casa, vive segundo o lema de Diana Vreeland “the eye has to travel”, gostando de viajar e construindo o seu próprio banco de imagens como fotos tiradas como o seu telemóvel, tendo já mais 50 000, armazenadas em disco rígido (na verdade, são os dossiers dos arquivistas digitais).
Créditos do vídeo:@designandculturebyed
Faz questão de ao viajar criar nessa viagem uma relação de curiosidade para explorar o cluster da Moda local, quer seja ao visitar uma boutique da Prada em Veneza ou uma loja vintage em Varsóvia.
Edward - para lá de ED’s DISPATCH e Design and Culture by Ed
O meu intuito nestas conversas é sempre descobrir o que está por detrás do já se pode encontrar publicado online. Com Edward não foi exceção…
Peguei na menção que Edward fez, enquanto combinávamos o calendário desta colaboração, a “trabalhos da universidade” e puxei por essa linha até descobrir a bobine (sim, eu sei que as minhas metáforas são kitsch).
Créditos do Vídeo:@designandculturebyed
Qual é a sua relação com Academia?
Kanarecki, futuro Dr Kanarecki está no seu terceiro de investigação como doutorando em História de Arte. Focando o seu estudo no papel da Moda na museologia contemporânea-uma área, como afirma o próprio. Tem muito ainda por descobrir e explorar.
No contexto da História de Arte, considera que o facto de ser historiador de Arte de formação formulou profundamente o seu trabalho como consultor criativo. Prática essa que tece num só tecido os universos da cultura, arte e design presentes na própria Moda.
Também no processo mental, intangível e invisível do seu “real job”-o de consultoria, aquele para si nem parece ser trabalho, dado o amor que tem àquilo que faz e a como o diálogo com o fez clientes o faz sentir realizado-encontramos a colagem.
Créditos do Vídeo:@designandculturebyed
Já que, como Ed descreve, costuma percepcionar as conexões entre conceitos criativos como se de colagens se tratassem. Uma abordagem holística que dão vida a storytelling coesos e singulares, seja visualmente ou por escrito.
Mas o que despertou esta tão grande afinidade com a colagem? Pensando na sua infância vê, crescendo na Polónia, grande influência da Vogue-Britânica, Americana, Paris e Itália, edições que a sua mãe costumava comprar. Tendo tido na Vogue Italia de Franca Sozzani e nos “layouts mágicos” que nesta se encontravam deram génese à forma de expressão idiossincrática de Ed.
Vivendo em Poznan, actualmente, desfrutam do facto de não viver numa típica capital de Moda, considera que o cluster de Moda Polaca se fortalece a cada dia. Afirma ter muito orgulho em poder desenvolver a sua carreira, a partir de Poznan, algo que há uma década não seria possível.
Créditos do Vídeo:@designandculturebyed
Um canto da Internet chamado Substack
Muitos de nós, que estamos no Substack de alma e coração, fazemo-lo devido à comunidade que encontramos neste acolhedor canto da Internet. E que o fundador e autor de ED’s DISPATCH descreve assim:
“Substackers apreciam uma conversa como deve ser: pensada, com respeito, bem informada.”
Quando questionado sobre o que perspectiva em termos do impacto futuro desta plataforma no Sistema de forma, diz:
“Acho que o Substack já teve um impacto muito positivo. A monetização directa de conteúdo simplesmente não existe em qualquer outra plataforma. A minha audiência no Substack é muito mais pequena que no Instagram, no entanto, o Instagram nunca me pagou um cêntimo. Só espero que o Substack não vá pelo caminho da Meta-estamos bem tendo pelo menos um canto da Internet livre de publicidade.
Créditos do vídeo:@designandculturebyed
O impacto da plataforma já é visível - até publicações como a i-D tem o seu próprio Substack-mas não acho que tenha atingido o seu potencial na Europa da forma que já o fez nos EUA. Em geral, os europeus não são tão entusiastas de “subscrever” quanto os americanos. Talvez isso mude em breve?”
Conhecendo o trabalho de Edward, o que te surpreendeu descobrir neste ensaio? Qual é a tua perspetiva sobre o futuro da Moda no Substack? Para onde achas que se dirige esta parceria entre a indústria e esta inovadora–depois das mudanças na Vogue e a extinção da Teen Vogue que contrasta bruscamente com a edição da i-D X Substack?
Até para a semana!
Com amor,
Vera Lúcia


