
De volta ao Domingo!
Hoje vamos falar do primeiro dia da edição Base da ModaLisboa | Lisboa Fashion Week… E não só, vamos ainda explorar a exposição Beat by Be@t e revisitar a Pop up Store.
Por esta altura já estás à espera de que venha algo primeiro - um “mas primeiro”, certo? Bingo, mas não há nenhum prémio. O que vem aí? Housekeeping digital, um termo requintado para vos dar algumas informações sobre este nosso espaço o The Fashion Standup.
Aviso: Informações úteis
→ Vou contar-vos tudo sobre a mais recente edição da Lisboa Fashion Week, com ensaios ao longo do tempo, mas que se irá sobrepor nem aproximar da edição seguinte.
→ Durante as próximas semanas vamos falar de diversas temáticas dentro e fora dos 6 dias de ModaLisboa.
→ Considero-me fashion substacker sendo designer de Moda por defeito, portanto não sou muito canónica na distribuição de ensaios gratuitos e pagos. Ou seja, aqui não encontras o padrão: gratuito - pago - gratuito - pago - gratuito… Mas garanto-te que a cada ano terás o mesmo número de artigos totalmente gratuitos e de artigos com paywall.
→ Quer isto dizer que será isso que o The Fashion Standup daqui em diante? Não só mas também. Tenho muitas ideias e planos para o futuro do nosso TFS… Mas trazer novidades a um projecto em bootstrapping tem um calendário muito volátil e fluido.
→ Todas as hipotéticas novidades serão baseadas no Substack, quer sejam em formato digital ou físico, pelo que a alma do nosso modelo mantém-se. Tu, enquanto leitor, audiência e acima tudo membro desta comunidade, és também principal patrocinador. Porque no Substack não é suposto haver publicidade e se pretendesse contornar isso não estaria aqui.
→ Acho, sem falsas modéstias que escrevo coisas interessantes, mas sou péssima a escrever CTAs (Calls to Action). Para quem não sabe, Calls to Action são frases que vos levariam, idealmente, a carregar no botão upgrade. No entanto, todas as que escrevo me soam àquelas tele-vendas, onde os movimentos da boca dos actores não estão coordenados com o som. Ainda assim, como é óbvio, seria incrível que te tornasses paid subscriber.
→ Sei que, muitas vezes, esta ideia de “compromisso” pode não agradar a todos. Podes sempre usar o Buy Me a Coffee, de acordo com o qual complementarei a tua subscrição a Premium.
IED: Repeat the Action
“Repeat the Action” foi o evento inaugural da edição, uma apresentação performativa de alunos de Design de Moda de vários polos do IED - Istituto Europeo di Design.
Um final de tarde intimista, em ambiente festivo, na embaixada de Itália em Lisboa, em coorganização com a ModaLisboa, deu aos jovens designers em formação o palco perfeito para mostrarem as suas propostas ao mundo.
Looks que exploravam conceito e descobriam formas, mostrando-nos mais do que o resultado final, toda uma energia em performance que iluminava a noite pela dança, os acessórios e volumes das silhuetas. Numa paleta de cores neutras, azulados e um quê de lilás.
Ainda que ficássemos a conhecer o trabalho de cada designer, caras e nomes dos autores, a individualizar cada um e aquilo que vez. Contudo, não há dúvida que Carlotta Gadda, Haiqi Zhou, Daniele Dargenio, Simone Smeriglio, Denise Vecchi, Anna Serra, Arianna Pejrani, Roberto Niutta, Natalia Arroyas, Miguel Conde Garcia-Mochales, Michel Mahfoud, Eloi Sacristan, Ainhize Ganzabal Santiago estava a viver o sonho. E a alegria do privilégio de inaugurarem a ModaLisboa Base foi absolutamente contagiante.

Beat by Be@t
Desde que o MUDE, museu do design reabriu que é segunda casa para a Lisboa Fashion Week. Desta vez, foi palco para mais uma parceria da ModaLisboa com a Beat by Be@t.
A Beat by Be@t traz por meio de exposição a materialização de uma terceira edição, onde voltam a imperar a colaboração de designers com empresas têxteis.
Designers reconhecidos e emergentes, e empresas que se dedicam ao têxtil, não só ao têxtil em termos de vestuário e/ou da indústria da Moda, mas também outras indústrias como, por exemplo, a indústria hoteleira. Como é o caso da Allcost que colaborou com a jovem designer Nicole Feliciano.
E como este é um projecto com um tom pessoal, há que dizer que senti especial orgulho na Nicole, minha colega de licenciatura e mestrado, com quem partilhei os nervos de sermos delegada e subdelegada de turma e alguma que outra aventura. Ainda que estivéssemos longe de ser inseparáveis, sempre me conheceu bem, chegando a prever as minhas reações… Hoje, devo admitir que estou orgulhosa da sua maturidade estética e de posicionamento face à indústria.
Linae é projecto de Nicole com a Allcost, onde Linae é também uma fibra circular, totalmente reciclada que resulta da utilização dos desperdícios têxteis a que junta a inovação de maior resistência por introdução em dado processo da quitosana.

Tanto o consagrado Luís Carvalho como a jovem Adriana Cordeiro colaboram com a empresa Cordeiro e Campos, em projectos separados.
O primeiro - Tie the Knot, dá nova vida a dead stock excedentes de produção, faz upcycling de peças com defeitos e reaproveitamento de acessórios como fechos, duas coleções cápsulas prontas ao voltar ao ciclo da Moda e a serem vendidas.
Por sua vez Eclosão cria um kit de viagem com peças desmontáveis, que desdobra as possibilidades de escolha e nasce a partir de dead stock e aproveitamento de felpa.
Já Francisca Santos e a ACC Têxteis trazem-nos uma app, Dubbletex “que conecta fábricas, designers e consumidores para o reaproveitamento de excedente têxtil” (ModaLisboa).
Em termos expositivos a estrutura de casulo aumentou a intimidade do visitante para com a peça, sentindo-se mais à vontade para explorar retalhos e ferramentas do processo criativo que faziam parte de cada núcleo expositivo. Esbatendo barreiras físicas que são tradicionais entre peça e visitante.
Pop up Store
A Pop up Store de designers nacionais e designers que participam da ModaLisboa existe em diversos formatos há já vários anos. A minha história com a Pop up Store é muito mais recente do que a minha história com a ModaLisboa, remonta ao Natal de 2023. Comprei umas lindas calças Nuno Baltazar que usei em diversas ocasiões, sendo a mais importante a defesa da minha tese.
Foi na inauguração desta pop up que também vivi momentos divertidos, ou assim ficaram gravados na minha memória. Um magnífico blusão Ricardo Andrez em tom cru com laivos de fuschia e eu estávamos em pleno debate com o tamanho do meu busto, se é que me entendem. Eu fiz todo o tipo de acrobacias qual Bond girl enquanto do outro lado do provador ouvia os risinhos característicos da minha mãe e da melhor amiga… É claro que demorei a esquecer o blusão, mas aquele dia 28 de Novembro de 2023 ficou gravado na minha memória quase como uma doce curta-metragem natalícia.
Mais tarde, na Pop up do Verão seguinte comprei um vestido camiseiro com ilhoses, tal como o blusão desejado, e ao qual mais tarde se juntaria meses depois, em mais uma Pop up, um casaco de ganga, ambas as peças Ricardo Andrez.
Nesta mais recente loja temporária da ModaLisboa, comprei uns elegantes corsários pretos Nuno Baltazar em preto. Ficaram ainda no meu radar um vestido escarlate de ombros em leque e nervurado com pesponto contrastante até às ancas da Kolovrat e a sweater de malha com cadeirinha alentejana de Mestre Studio.
Desta vez, a Pop up Store teve lugar na Fashion House, no Palacete Gomes Freire, que enquadrava a vasta oferta de Moda, e não só, numa aura dourada da luz lisboeta. Num espaço amplo de formas e cores que incentiva ao desejo e ao consumo consciente ao mesmo tempo.
Não fugirei ao tema, há sempre o debate de que a Moda de autor é cara. Será cara ou estamos todos demasiado habituados a pagar preços injustamente baratos por aquilo que vestimos? Mas há que fazer a tal “girl math” que eu prefiro chamar “style math”, a Moda vale sempre a pena, vais usar tantas vezes e sentir-te tão confiante que cada uso se pagará a si mesmo.
Até nos vermos para semana, deixo-te um desafio, estejas em que ponto do globo que for. Partilha nos comentários, por escrito, por foto ou ambos uma peça de um designer de Moda independente português que gostasses de ter.
Até para a semana!
Com amor,
Vera Lúcia